Mas como esse fenômeno inofensivo (e em algumas situações pode ser embaraçoso) não parece estar ligado a qualquer doença, o estudo científico do assunto é escasso. Poucos estudos com relação a esse fenômeno tem sido feitos. Não existem estudos rigorosos, mas pesquisas informais identificam 10 a 35% da população como “espirradores fóticos”. Um trabalho da década de 60 demonstrou que a característica é autossomal dominante – ou seja, o gene não está no cromossomo X ou Y, e apenas uma cópia dele tem que estar presente para que a característica seja expressada. Então, se um dos pais de uma criança espirra ao olhar para uma luz brilhante, metade seus filhos também vai precisar de um lencinho.
O culpado genético permanece não-identificado, mas os brothers de roupa branca estão começando a se interessar em revelá-lo. “Eu acho que vale a pena”, diz Louis Ptácek, neurologista da University of California em São Francisco. Ptácek estuda transtornos episódicos como a epilepsia e enxaquecas, e acredita que pesquisar o espirro de reflexo fótico poderia esclarecer outros aspectos da neurologia.
Convulsões epilépticas às vezes são desencadeadas por flashes de luz e a enxaqueca é frequentemente acompanhada por fotofobia. “Se conseguíssemos encontrar um gene que provoca o espirro fótico, poderíamos estudá-lo e aprender algo sobre o caminho visual e outros fenômenos de reflexo”, diz o pesquisador.
Mas até que os cientistas encontrem as famílias adequadas para seu estudo, o espirro de reflexo fótico permanecerá uma característica genética divertida (para os outros), como conseguir dobrar a língua. Apesar de um estudo de 1993 publicado na Military Medicine ter levantado questões sobre o espirro induzido pela luz colocar em perigo pilotos de caça – para os quais um piscar de olhos pode ser letal em certas situações –, esse temor foi deixado de lado quando uma pequena pesquisa apontou que usar óculos escuros eliminaria esse efeito.
Esse não foi o único estudo, digamos, excêntrico sobre esse tipo de espirro. Por exemplo, uma pesquisa de 1978 entrou na moda dos acrônimos e quis batizar o espirro de reflexo fótico como Síndrome de explosão hélio-oftálmica autossomal-dominante – que, para quem não sabe, a sigla, que no inglês é ACHOO, foi a que deu origem ao pseudo-nome ATCHIM.
Seria interessante quando fôssemos espirrar e, ao invés de sair ATCHIM, sair essa frase... muita gente prenderia o espirro máximo que pudesse, =)